Levar a polícia a ter uma presença ostensiva e contínua nas comunidades, envolver o cidadão no esforço pela segurança pública e atuar para prevenir a violência a partir de suas causas. Esses são alguns dos objetivos que o poder público buscava quando implantou, há nove anos, o projeto de polícia de bairro em Natal. A efetivação dessas metas e desse modelo de policiamento, no entanto, vem naufragando em muitos pontos da capital do Estado, devido à falta de efetivo e estrutura para seu funcionamento, além da insuficiência de postos.
Na prática, o problema se traduz em fatos como o número insuficiente de homens nas bases, a ausência de viaturas e de condições básicas para o trabalho dos policiais. Isso sem falar na inexistência da própria polícia comunitária em muitos pontos da cidade. Na Zona Leste de Natal, por exemplo, a população conta apenas com uma base voltada para esse tipo de policiamento, no Barro Vermelho, que funciona para atender a nada menos que 12 bairros.
Ainda assim, a precariedade das condições de trabalho no posto salta aos olhos. Ao visitar o local, a equipe de reportagem de O Poti/Diário de Natal, o encontrou as portas fechadas. Alguns instantes depois, surgiu um policial, que se encontrava dormindo. O soldado Dioclécio Moacir Ferreira, responsável pela unidade, explicou que ela conta com apenas dois policiais e que até aquele momento, por volta das 10h, o segundo ainda não havia chegado para trabalhar.
Desabafo
Além disso, a Base de Polícia Comunitária da Zona Leste não conta com nenhuma viatura, possuindo apenas um rádio de comunicação para pedir ajuda em casos de ocorrências. "Eu sou policial e não tenho como resolver o problema da população, por falta de infraestrutura. Sozinho, o máximo que posso fazer é registrar as ocorrências e aguardar", desabafou o PM. Para completar, a unidade está com lâmpadas quebradas, não possui energia elétrica e conta com apenas um colchão para os dois homens.
Na base comunitária do bairro de Soledade II, a equipe de reportagem encontrou o prédio em boas condições físicas e equipado, porém sem nenhum veículo disponível para atender à população e com apenas dois policiais em serviço. Criada desde 2005, a unidade depende do veículo do bairro de Santa Catarina para atender as ocorrências do local. De acordo com o soldado Lopes, a viatura do bairro esta quebrada há "um certo tempo" e não há previsão de quando será entregue. "O ideal é que a comunidade cobre dos órgãos responsáveis o retorno da viatura, uma vez que ela é a maior beneficiada", sugere ele.
Bom Pastor
Já no bairro de Bom Pastor, a carência maior é de pessoal, já que o posto conta com apenas um homem. Uma viatura que é responsável por dar cobertura a várias bases de polícia comunitária, também costumar passar pelo local. "Você pode até tentar, mas seja qual for o bairro, você não vai encontrar os três policiais previstos", afirmou o soldado Ivan, sem saber que, na verdade, o efetivo preconizado é de cinco policiais. Apesar do bom aparato técnico da unidade - com computador e armamentos - o policial reclama, além da "solidão", pelo o que diz uma alimentação de má qualidade, na qual conta já ter encontrado até mesmo insetos.
Na Zona Sul da cidade, em Lagoa Nova, os PMs também são obrigados a trabalhar em condições difíceis, segundo conta uma moradora, a manicure Andreza Maria de Souza Costa, que reside há 35 anos no lugar. "Aqui no bairro a unidade está funcionando de forma precária. Os policiais trazem de casa os seus próprios colchões, uma vez que eles não têm onde dormir. Sem falar que a comunidade tem de ajudar os policiais, com material de limpeza e até comida", conta ela. Sem querer se pronunciar a respeito, um dos dois policiais que se encontravam na unidade afirmou apenas que o posto se encontra em boas condições.
Fonte: Dnonline
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.