A região Oeste do Rio Grande do Norte sempre foi marcada por acontecimentos violentos, onde a criminalidade impera, superando a força da justiça e impondo a sua própria lei, fazendo de refém a população que, temerosa de represália, silencia diante dos acontecimentos e fica entregue à própria sorte. São centenas de crimes insolúveis que até hoje a população cobra respostas da justiça, que, por sua vez, se ver amordaçada por falta de condições de elucidar casos que entraram para o rol dos mistérios oestano.
Cidades como Pau dos Ferros, Alexandria, Patu, Umarizal, Caraúbas, Apodi, Assú, dentre outras escondem crimes que ao longo do tempo nunca foram elucidados e acabam entrando no esquecimento, exceto da família da vítima que leva para sempre a marca do acontecimento.
Em Pau dos Ferros, por exemplo, a Polícia Civil trabalha com uma das melhores estruturas do Estado, porém se ver envolta em alguns casos de homicídio que não conseguiu ainda resolver, onde o mais complicado está sendo a elucidação do caso que envolve a morte do agricultor Cleônio Otaviano de Almeida, conhecido como "Cigano", na estrada de acesso à Vila Perímetro Irrigado, zona rural do município, no dia 6 de março do ano passado.
Segundo informações do delegado Inácio Rodrigues, a polícia já trabalha com alguns nomes de suspeito, porém esbarra na falta de provas e testemunhas. O crime foi praticado por dois elementos em uma motocicleta, que mataram a vítima na chegada do seu sítio.
"È muito complicado investigar um crime sem provas ou testemunhas, como foi a morte do 'Cigano'. Ninguém sabe ou viu alguma coisa, porém estamos com as investigações já bem avançadas e muito em breve vamos ter um desfecho satisfatório, com os criminosos na cadeia", destacou o delegado.
Ainda de acordo com Inácio Rodrigues, atualmente a regional de Pau dos Ferros responde por 17 cidades e em todas elas, a pior dificuldade que encontra na elucidação dos crimes é a falta de efetivo, uma vez que o número de agentes nas cidades do RN está bem abaixo do normal. Outro fator destacado pelo delegado recai sobre a qualidade técnica que a polícia dispõe.
"Falta material para agilizar os resultados das investigações, muito embora estamos trabalhando com alguns fatores tecnológicos que nos permite desempenhar nossas funções", concluiu o delegado.
Caraúbas
Outra cidade oestana que sempre figurou como uma das mais difíceis de apresentar resultados na elucidação de crimes foi Caraúbas. Assassinatos, assaltos, estupro, sequestros, dentre outros acontecimentos, que foram notícias na imprensa estadual e que alguns casos ganhou repercussão nacional, até hoje continuam sem esclarecimento.
Crimes como o do mototaxista Antonio Gomes, "Toinho", executado a tiros em uma estrada carroçável, próximo das Mirandas, em 2008, até o momento os executores não foram identificados ou presos. Recentemente o ex-vereador Antonio Amorim foi assassinado a tiros quando chegava a seu sítio, os criminosos também não foram identificados.
Em recente entrevista, o delegado Dimas disse que a população não ajuda nas investigações, com informações que poderiam ajudar a polícia elucidar os crimes. Segundo repassou, muitos inquéritos foram remetidos já foram remetidos ao Ministério Público sem que fossem esclarecidos por falta de provas. Enquanto isso, os criminosos continuam soltos e agindo livremente.
Morte de Antônio Veras completa um ano e até agora nada foi esclarecido
O assassinato do ex-prefeito do município de Campo Grande, Antônio Francisco Nóbrega Martins Veras, e os policiais militares Jackson Cristiano Dantas e Solano Costa de Medeiros, que estavam fazendo a segurança do político, mortos em uma emboscada em março do ano passado, completa um ano sem que a polícia tenha conseguido esclarecer os motivos dos crimes.
Veras e os seguranças foram executados na estrada de acesso à fazenda Monte Alegre, distante 10 quilômetros de Campo Grande. Na ocasião, vários agentes civis e policiais militares foram deslocados para a região em busca de pistas dos assassinos, sem êxito até agora.
Antônio Veras, que foi prefeito de Campo Grande de 1997 a 2000, há mais de dez anos recebia proteção do Estado, devido receber constantes ameaças de morte. Ele foi executado com mais de 400 tiros, disparados por uma quadrilha, que segundo a polícia, era composta por mais de 15 homes e usou para matar o ex-prefeito, mais de 12 calibres diferentes de armas.
"É só mais um caso que a polícia não consegue esclarecer", comentou um popular da cidade de Campo Grande.
Delegado diz que lentidão nos resultados de exames dificulta investigação de crime
O delegado Luiz Fernando Sávio, titular da Delegacia Especializada em Furtos e Roubos (Defur) de Mossoró, disse que as investigações realizadas nos crimes de latrocínio (assalto seguido de morte), só não correm com mais rapidez devido a três fatores: falta de provas, ausência de testemunhas e lentidão nos resultados técnicos dos materiais enviados à perícia.
De acordo com o delegado, os exames demoram a ficar prontos e muitas vezes atrapalham o andamento dos casos. "Em muitos casos temos que parar as investigações esperando o resultado pericial e quando isso ocorre a população não entende e acha que não estamos trabalhando, porque a sociedade cobra resultados", destacou o delegado.
Outro ponto destacado pelo delegado é a "lei do silêncio", onde a população se recusa a testemunhar contra os criminosos com medo de represália. "Muitos casos acontecem à luz do dia presenciado pela população, no entanto quando a polícia chama alguém para testemunhar esbarra no silêncio e no medo das pessoas", frisou.
Atualmente a Defur investiga três casos de latrocínio, que segundo o delegado estão em fase de conclusão e muito em breve serão sendo enviados ao MP. Recentemente foi esclarecido o crime que vitimou o taxista Martinho Francisco, assassinado durante um assalto na Favela dos Pintos.
Fonte. O Mossoroense
Via: O Guardião da Serra
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